Alunos do 5º Período do Curso de Letras Da Faculdade São MIguel

Alunos do 5º Período do Curso de Letras Da Faculdade São MIguel

domingo, 10 de junho de 2012



Estudo dirigido

  1. Discorra sobre a noção de realismo de Machado de Assis e a concepção de leitor na obra desse autor.
Machado possui um estilo único e inovador, criando sua própria estética antecipando-o às características do moderno.
"A obra literária do escritor Joaquim Maria Machado de Assis não pode ser enquadrada em nenhum estilo de época. Machado de Assis é "apenas" machadiano" (BERNARDO, 2011 p.13).
Machado traz na sua obra um discurso da realidade que transcreve a obra semelhante à vida e não uma cópia da realidade; transfigurando símbolos e metáforas na criação de um mundo especial e enriquecendo esse universo com o domínio do espírito humano através de uma ficção introspectiva, para Machado seus personagens não são maus são humanos.
"Era a vida salvando-se pela arte, adquirindo perenidade, mudando de forma e estrutura, revelando, através da arte, os seus segredos íntimos, a sua verdade eterna e profunda, dela e da natureza humana" (COUTINHO, 2004 p.318).
Machado quer educar o leitor esteticamente. Ele busca provocar uma mudança de horizontes, uma quebra de paradigmas gerando no leitor um gosto mais refinado e que esteja pronto a "brincar" com a pluralidade de significados, experimentando uma semântica própria do texto.
"Machado iniciou uma campanha de incentivo à leitura e mudança de hábitos (gostos) literários" (GUIMARÃES, 2004 p.111). Machado exige do leitor essa percepção apurada extraindo do texto as lacunas deixadas pelo autor, transformando os vazios da obra em discurso; estabelecendo uma conexão com o narrador na construção do contexto da produção literária.

2. Levando em consideração o romance Germinal, de Zola, como também algumas apreciações críticas referentes à estética naturalista, disserte sobre os princípios artísticos dessa escola.

O livro mostra a condição da sociedade da época; a ditadura de trabalho, o assédio social muito forte pelo impacto industrial, as condições subumanas de sobrevivência, a exploração do corpo pelo trabalho; todas essas características se enquadram no conceito naturalista. O naturalismo francês foi muito político e revelou uma injustiça social construída em cima dessa exploração.
A obra é crua, fria mostrando como o naturalismo prefere ver pelo grotesco, pelo choque; causando no leitor um incômodo, uma dor como se tivesse areia em nossos olhos. Os personagens vivem num estado de tanta marginalidade que ora se tornam vítimas da realidade, ora se deixam corromper voltando-se contra a própria massa, experimentando uma situação totalmente precária. A literatura promove ou alimenta esses discursos, mostrando as possibilidades de luta, de mudança das condições trabalhistas, a cruel realidade vivida pela massa; é um discurso social que está organizado, costurando um perfil psicológico, social e político dentro da obra gerando uma consciência e sensibilização do leitor quanto às lutas do operariado.  

  1. Reflita sobre as inovações, no âmbito da recepção literária, promovidas pelas poéticas parnasiana e simbolista.
Tudo deve ser usado em prol do texto literário, falar da literatura não é só dizer sobre as características das estéticas literárias, mas falar como o discurso social está organizado ou sistematizado dentro da obra. O fenômeno da recepção está baseado no nosso processo de construção, dos esquemas de linguagem; a linguagem é um discurso. A obra vai exigir do leitor essa experiência de leitura. O simbolismo exige do leitor que este passe pelo processo de uma “desfamilirização” dos conceitos. Essa construção ocorre através do subjetivo, do misterioso sugestionando o discurso indiretamente, evocando-o pouco a pouco, desnudando o texto, mergulhando nas insinuações do autor. O poema simbolista fala pela sonoridade, a poesia provoca uma alquimia da linguagem extraindo melodia da mensagem.
"O simbolismo usava processos indiretos, associações de idéias, representadas por feixes de metáforas e símbolos" (COUTINHO, 2004 p.322).
O parnasianismo expõe um perfil mais coloquial, é uso da linguagem simples com exatidão e economia de imagens e metáforas. A poesia parnasiana utiliza mais a técnica do que a inspiração através de uma forma rigorosa e clássica.
"Inspirado na estética da "arte pela arte" de Gautier, reflete o parnasianismo o mesmo movimento pendular que fez seguir uma corrente objetivista e classicizante ao subjetivismo romântico" (COUTINHO, 2004. p13).

Referência Bibliográfica

GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Os Leitores de Machado de Assis: o romance machadino e o público da literatura no século 19. São Paulo: Nankin, 2004.

BERNARDO, Gustavo. O Problema do Realismo de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

COUTINHO, Afrânio / COUTINHO, Eduardo de Faria. A Literatura no Brasil. São Paulo: Global, 2004.

ZOLA, Émile. Germinal. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Postado por: Anete dos Santos Cabral
Aluna do 5º período - Letras.


Trabalho apresentado ao professor Jeferson Souza referente à disciplina Literatura Brasileira II do curso de Letras, elaborado pelos Alunos: Anete Cabral e Fernando Rodrigues.

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