Luciano Gomes 5º Período de Letras
Faculdade São Miguel
Disciplina: LIBRAS
Prof.ª Daniela Veras
A cosmovisão da sociedade para com o
profissional intérprete e o seu papel na inclusão e cidadania.
Em vários países há tradutores e intérpretes
de língua de sinais. Ao longo deste lento processo diacrônico (história da
constituição deste profissional) originalmente surgiu de atividades voluntárias
que foram sendo valorizadas enquanto atividade profissional na medida em que os
surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania. A participação de
surdos nas discussões sociais representou e representa a chave para a
profissionalização dos tradutores e intérpretes de língua de sinais.
Outro
elemento fundamental neste processo é o reconhecimento da língua de sinais em
cada país. Na medida em que a língua de sinais do país passou a ser reconhecida
enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso a ela
enquanto direito linguístico. Assim, consequentemente, as instituições se viram
obrigadas por decretos de lei a garantirem acessibilidade através do
profissional intérprete de língua de sinais.
Entretanto, qual a cosmovisão da sociedade em
geral para com este profissional? O Intérprete de LIBRAS tem recebido o devido
valor por sua colaboração no processo de inclusão social? Ele tem exercido
plenamente os seus direitos garantidos pelo poder público e goza de satisfação
inefável em exercer suas funções como cidadão?
Inicialmente,
precisamos observar como o profissional intérprete é visto pela sociedade e não
menos importante é a visão do poder público do mesmo. A primeira impressão que
temos é que este nobre profissional ainda não tem sido ironicamente percebido
aos olhos da sociedade e neste caso não estamos falando de deficientes visuais,
mas de uma sociedade egocêntrica e hedonista preocupada apenas com seus
interesses pessoais e pela busca frenética de seus prazeres.
Quanto
à visão do poder público podemos afirmar com base na própria Lei nº 12.319 de
01 de Setembro de 2010 que regulamenta a profissão e o profissional
reconhecidos que ela ainda é uma utopia. Podemos citar como exemplo positivo a
iniciativa do estado do Rio Grande do Sul, que desde 1997 promoveu cursos de
capacitação de profissionais intérpretes, mesmo antes de ela ter sido aprovada
como lei:
[Em alguns
estados brasileiros, surgiu a necessidade de regulamentar a atuação do
profissional intérprete de língua de sinais. 0 estado do Rio Grande do Sul
iniciou a capacitação de seus profissionais intérpretes em 1997 através de
cursos certificados pela FENEIS/RS e pela UFRGS...]
(MEC,
2004, p.41)
[Ao longo da
atuação dos intérpretes neste estado, surgiu a necessidade de uma
regulamentação para atuação dos intérpretes, uma vez que foram observadas
restrições comuns que deveriam ser consideradas. A seguir, apresentar-se-á o
regulamento para a atuação como tradutor e intérprete de língua de sinais
elaborado pelos intérpretes de
língua de
sinais do estado do Rio Grande do Sul. Vale ressaltar que o objetivo da
apresentação do mesmo restringe-se a exposição da experiência deste trabalho
com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do profissional intérprete
em outros estados brasileiros que não disponham de nenhum tipo de
regulamentação.]
(MEC,
2004, p.41)
Esta rara
iniciativa do poder público ainda que no âmbito regional ainda é insuficiente
para suprir a demanda recente de profissionais capacitados para exercer as suas
funções. Ano após ano aumenta a carência destes profissionais que sem o
reconhecimento de sua importante e porque não dizer; vital atuação no processo
de ressocialização do deficiente auditivo. Aliado a isto salários injustos,
raros incentivos, pouca valorização; tem sido fatores que contribuem ainda mais
com a escassa procura nesta área de atuação:
[...] O Brasil é um dos países que
menos paga aos seus professores. Um estudo da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO), apresentado, em Paris, durante as comemorações do Dia
Internacional do Professor, realizado em 38 países, entre eles, o Brasil,
revelou que um número cada vez menor de jovens está disposto a seguir a
carreira do magistério. E uma das principais causas, senão a mais
importante foi o baixo salário praticado. A pesquisa mostra ainda que, no
Brasil, o salário médio de um professor em início de carreira é um dos mais
baixos; precisamente, ele é o antepenúltimo da lista dos mais baixos entre
os 38 países pesquisados.
(INEP/MEC,
2006, p.8)
Como
vemos o futuro do profissional intérprete? Não podemos esperar que um governo
que sofre de miopia ou está com deficiência visual crônica quando olha para os
projetos de políticas publicas voltada para o deficiente auditivo terá um
futuro brilhante. Enquanto os incentivos, os cumprimentos das leis que
regulamentam a profissão de intérprete de LIBRAS não saírem dos decretos
discordamos veementemente da posição do MEC:
[O
intérprete de língua de sinais no Brasil é um profissional com uma carreira
promissora. Considerando as conquistas em nível legal, o contexto
sócio-histórico e o momento político atual, pode-se projetar um futuro
brilhante para os futuros profissionais desta área.]
(MEC, 2004,
p.87)
Vivemos
uma realidade contrastante, as estatísticas mais realistas afirma que daqui a
dez anos haverá escassez de professores na rede pública e privada, para que os
futuros profissionais interpretes possam brilhar em suas carreiras se faz
necessário rever alguns conceitos e prioridades educacionais.
Bibliografia:
O tradutor e intérprete de língua brasileira
de sinais e língua portuguesa / Secretaria de Educação Especial; Programa
Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília: MEC ; SEESP, 2004. 94 p. :
il.
Relatório sobre Professores
Atuando em Disciplinas Específicas e a Adequação de sua Formação Inicial para o
exercício do Magistério, INEP/MEC, Brasília (DF) 2006.